terça-feira, 16 de novembro de 2021

Celebrar sem Ti

Hoje devíamos celebrar as duas.

Celebrar a vida. A tua e a minha.

Eras a primeira pessoa a telefonar-me, feliz por veres ser acrescentado mais um ano à minha vida. E eu dava-te os parabéns porque sem ti, eu não era eu.

Este ano é tudo diferente. 

Tu não estás. nem longe nem perto.

Partiste. E pela 1ªvez não oiço a tua voz, não recebo o teu postal, não almoçamos, não bebemos a nossa sangria, não me fazes um bolo ou o teu famoso arroz doce. Nada.

Como é que a vida continua depois de tu deixares de estar?

Continua. Um dia de cada vez. Sabendo que não podias sofrer mais, que o teu corpo cedeu e que respiraste pela última vez com a paz que pediste para a tua partida.

Este ano não faço festa. Não quero, não me apetece.

Para o ano talvez. 

Talvez consiga perceber melhor como celebrar sem ti. Sem a tua vaidade na minha pessoa, sem o teu amor incondicional, sem o teu apoio. Sem a tua voz radiante só por estarmos a conversar ao telefone ou o teu sorriso iluminado sempre que me vias.

Viver sem o teu amor sempre presente.

Não posso celebrar quando a dor da tua ausência é mais forte.

Apesar de tudo isto, consigo estar grata por mais um ano, pelo dia de sol incrível que temos hoje e porque foste a melhor Mãe que eu podia ter tido, escolhido, criado, inventado ou imaginado. Obrigada.

Cheguei até aqui. Espero continuar a ser o teu orgulho e que vejas refletida em mim a tua mansidão, a tua coragem escondida e a tua presença simples mas inigualável.

Parabéns Mãe. E que para o ano seja mais fácil celebrar.

Amo-te.

P.S.: Até já.





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