sábado, 10 de agosto de 2013

Tio Zé

O meu Tio Zé era giro, tinha olhos verdes, bigodaça e era magro. 
Era divertido.
Quando nasceu já o meu Pai tinha 20 anos e ele e o meu Tio Filipe eram os caçulas da família e protagonistas de aventuras inesquecíveis.
 
O meu Tio Zé era vaidoso da mulher que tinha, dos seus filhos e dos seus netos.
 
O meu Tio Zé não tinha medo de trabalhar, era mágico com esquentadores.
Gostava de ir a Sesimbra e era lá que nos encontrávamos muitas vezes.
 
O meu Tio Zé partiu quase sem avisar.
As saudades ficam e a imagem do seu sorriso também.
 
Quando recebi a notícia fiquei chocada, tinhamos falado ao telefone 15 dias antes, estava doente, mas convenci-me que era apenas mais uma prova a superar. Enganei-me.
Passei uma noite a revisitar imagens da minha memória, em que o meu Tio Zé era o artista principal.
 
Não me pude despedir. Estavamos longe, separados por alguns países e milhares de km.
 
Sei que vai fazer muita falta à minha Tia.
Foram companheiros de uma vida, a vida toda.
Mas também me fará falta, fez parte da minha vida, da minha história enquanto pessoa.
Ficam as recordações, o sorriso e a voz rouca .
 
Até já, Zé!