sexta-feira, 17 de abril de 2015

Os pequenos nadas. Os pequenos tudo.

E a vida surpreende-nos. Sempre.
Abro a porta daquele carro que só tu conduzias e em que fomos felizes e únicos.
Únicos, porque carros daqueles só existiam nos filmes americanos antigos.
Felizes, porque de cada vez que o conduzias realizavas um sonho teu e fazias parar o mundo à nossa volta. Tocavas uma das "mil" buzinas e fazíamos um sucesso.
Todos olhavam. Todos acenavam. Todos sorriam.
E éramos felizes.
A música saía daqueles "cartuchos" gordos que compravas uma vez por ano na Feira da Luz.
Eu sentava-me à frente, ao teu lado e sem cinto!! Não era obrigatório...e mesmo que fosse, aquele carro não os tinha.
 
Fui visitá-lo no outro dia.
Abri a porta e cheirei.
(Porque há pequenos nadas que marcam...)
Não resisti e entrei, sentei-me e pus as mãos no volante.
O tempo recuou 100 anos e deixei-me ir.
 
Voltei a ter-te ao meu lado.
Senti-te vivo e fui feliz outra vez.
As lágrimas fugiram de mim, sem ordem, sem controle.
Nem me tentei controlar, porque quase 20 anos sem ti não são controláveis.
Deixei-me ir até já não haver mais nada.
Até perceber que estava no teu carro.
No teu sonho.
E perceber que estás sempre comigo.

Obrigada pela tua presença nos "nadas" desta vida.
Foste tanto, que continuas a existir.
Quero seguir as tuas pisadas. E ser como tu.
Perdurando no tempo e no coração de quem toco.

Até já!!
P.S: Queria ter-te escrito no Dia do Pai...