quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Ler o coração...

"...A boca fala do que o coração está cheio..."

Se o coração está cheio de nada... a boca fala de nada.
E o nada é suficiente para tanta gente.
Enquanto se fala de nada, não se fala do que realmente importa.
O coração está cheio de sonhos por realizar.
De momentos vazios.
De conquistas falhadas.
Enquanto se fala de nada, não se faz nada. 

Ler o coração dos outros dói.
Passa a conhecer-se aquilo que nem sempre se quer...
Nem sempre é o que esperamos.
E ainda dói mais quando pensamos que já sabemos tudo e não sabemos nada.
Volta-se a falar de nada.
Enquanto se fala de nada, não se fala do que realmente importa.
Quando se fala de nada, não se faz nada.

Ler o coração. 
Ler a vida.

O coração está vazio.
A vida é vazia.
As horas estão cheias de nada.
E os dias passam-se com nada. 

O que há para ler?

P.S: Até já.




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

41 anos! 41 voltas e reviravoltas!

A minha vida deu 41 voltas.
Uma por cada ano.


Acontece tudo ao mesmo tempo.
Quase que não dá para respirar.
Não dá para pensar.
Para decidir.
Para escolher.

A vida pediu-me ajuda.
E eu aceito o desafio.
Sem medo.

É o dia dos 41.

As palavras chegam.
Os sorrisos.
Os votos de felicidade.
E alguém me agradece.
"Obrigado."
"Obrigado por seres quem és. 
Por seres como és."
"Obrigada por me deixares ser tua amiga".
Obrigado é bom de ouvir e enche o coração quando é sincero e real.

Apercebo-me que outros desaparecem, sem agradecer, sem nada dizer. 
E eu que achava que me fariam falta...
Mas não fazem. Nenhuma.
Há pessoas assim. 
Que por ainda respirarem não se apercebem que já morreram. 
Ficaram secas e gastaram-se.

Celebro os 41.
De maneira simples.
Mas feliz.
Completo-me com os que me rodeiam.
E percebo que os grandes sonhos, os anseios que me perseguiam foram alcançados.
A minha missão cumpre-se.
Nos pequenos nadas da vida.
Nos sorrisos e cumplicidades de quem me aceita.

Sou amada por quem sou.
O que quero mais?

41 reviravoltas loucas.
E parece-me que mais uma vez consegui cair de pé.

Obrigada a quem me merece. 
E que me tem feito ser quem sou.

P.S: Até já!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Decisões

Desde junho de 1999 que as decisões difíceis se têm prendido contigo.
Com o teu bem-estar.
O brilho do teu olhar.
A tua felicidade.
Sempre com o que é melhor para ti.
Quero que continue assim.
És tu que importas.
É a ti que tenho que defender.
 
Pedem-me novas decisões.
Decisões que certamente irão influenciar o teu futuro.
Pergunto onde fica o limite entre o bom senso e o meu sentimento de proteção para contigo?
Onde termina o entendimento e começa o coração?
 
Quero o melhor para ti.
Quero proteger-te sempre, sabendo que isso não é possível nem humano.
Isto de não se ser perfeito e não se ser detentor do poder é uma chatice.
Não conseguir prever o futuro e as consequências de cada ação também é uma chatice!!
 
Continuo a amar-te como da 1ªvez, quando percebi que estava apaixonada por ti e me questionei como é que uma menina como tu, tinhas sido gerada dentro de mim...
Nesse dia dei-te o meu coração.
 
Volto a fazê-lo hoje.
Acreditando que as decisões que tenho tomado para a tua vida têm sido as certas.
Que continuarás a ser feliz.
E que se te dessem a escolher outra mãe voltarias a decidir por mim!!
 
Até já!
 
 
 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

De pés no chão

Pés no chão.
É preciso voltar a pôr os pés no chão. Aterrar.
 
Daqui a nada volto a casa, ao meu ninho e, 2 dias depois volto à realidade.
Deixam de existir os dias sem horas.
Sem rotinas obrigatórias.
Livros de 1083 páginas, lidos quase de seguida, sem ninguém reparar.
Mergulhos de piscina só para refrescar.
Visitas de amigos, que me fazem sentir antiga e acarinhada ao mesmo tempo... (eles sabem quem são!!!)
 
A ementa muda.
Sandes de pasta de atum com alface e tomate e  copos de groselha fresquinha!
Gelados fora de horas.
Figos apanhados ao sol e comidos com dedos pegajosos.
 
Sonhar acordada à conta dos 8 livros que devorei...
Jogos de dominó e cartas até a derrota me vencer.
Rir e "gargalhar a bom gargalhar" à conta das palermices ditas pela minha filha.
 
Ser surpreendida pela profundidade do pensar e do sentir da  miúda que saiu de dentro de mim.
 
Ser surpreendida pela vida. Mais uma vez.
Sem saber o que me espera.
Resta-me esperar pelo que me espera.
 
Hora de aterrar. "Srs. Passageiros...
Hora de aterrar. E aguardar.
 
Até já.
 
 
 
 
 

terça-feira, 13 de maio de 2014

17 anos no mesmo lugar...

Nunca pensei trabalhar 17 anos no mesmo sítio.
As mesmas colegas.
Algumas vezes as mesmas famílias.

Trabalhar com crianças é, sem dúvida, um previlégio.
E realizar que se imprime valores nas suas vidas.
Se criam relacionamentos duradouros. É obra.

As crianças são o melhor do mundo!?
Talvez sejam, de vez em quando.
Também sabem ser cruéis, chantagistas e pessoas grandes em corpo de gente pequena.
São, sem dúvida, um osso duro de roer!!

Cada vez observo mais a dificuldade que os pais têm em ser pais, sobretudo, bons pais.
Pais presentes, que amam incondicionalmente, altruístas e disponíveis a esse papel...

17 anos...
Muitas gargalhadas, misturadas de lágrimas.
Muitos "patrões" diferentes, com linhas de pensamento contrárias entre si.
Já assisti a tudo. Já vivi de tudo.
Divórcios.
Adopções.
Doenças.
Curas.
Birras.
Até a morte, já se fez notar...

Sorrio, quando os vejo.
Crescidos.
A conduzir.
Senhores da sua vida.
E mesmo assim, procuram-me.
Fazem-me rir, 
Preocupam-me. 
Desabafam e ainda me ouvem...
E eu também desabafo e aprendo.
Continuo a crescer com eles.
Desejando acima de tudo, que sejam felizes e se sintam realizados enquanto pessoas.

Chegam-me as lágrimas quando os vejo, já pais.
Adultos.
E lembram-me que o tempo passa.
Passa rápido, em demasia.
Ficam as recordações, os episódios que cada um construiu à sua maneira e que não se apagam da minha memória.

Escolhi a profissão certa. 
Apesar de tudo.

Até já!




quarta-feira, 19 de março de 2014

O meu PAI...

Ser Pai não significa ser o melhor amigo.
Ou melhor, até significa. 
Sendo que de uma forma diferente daquilo que os filhos querem.
Os filhos querem o Pai como melhor amigo, o melhor amigo da vida fácil e sem condenação, afinal é amigo...
O Pai é e será sempre o melhor amigo do seu filho, simplesmente porque quer o melhor para ele e não porque facilita.

Verdade só compreendida por alguns e por vezes já fora do tempo.

"Dou-te a enxada e ensino-te a cavar. O resto fazes tu."
Ouvi isto tantas vezes. Tantas. E dava tudo para continuar a ouvir a voz que me dizia estas palavras e que me ensinou a vivê-las.
O meu Pai.

O meu Pai não era perfeito, mas era perfeito em muitas coisas.
Esforçado até ao limite.
Exigente com os outros, mas em 1ºlugar exigente com ele próprio.
Tinha valores.
Vivia o que acreditava. Viveu-o até ao fim.

Sempre achei que o meu irmão mais velho era o preferido, o escolhido.
Eram compinchas, andavam sempre juntos, de moto, de carro, de barco, sempre juntos.
Os melhores amigos.
As exigências eram poucas (a meu ver).

Eu, era a menina. 
Fazia coisas de menina e aprendia as coisas que as meninas tinham de saber fazer.
Portava-me bem.
Desejava agradar-lhe, acima de tudo.
Ele era o meu herói.
O homem da minha vida.
E procurei-o nos outros.
Nos namorados e nos maridos.
E duramente tive que aprender, sózinha, (porque ele já cá não estava para me ensinar), que como ele só tinha havido um.

Morreu o meu Pai.
E parte de mim morreu com ele. Uma grande parte.

Faz-me falta. Todos os dias.
Para me proteger dos males desta vista. 
Das pessoas que me atormentam e me angustiam.

Olho para o meu irmão. 15 anos mais velho do que eu.
E sou obrigada a ver que o Pai ainda lhe faz mais falta a ele.
A mim deu-me a enxada. Ensinou-me a cavar.
A ele deu-lhe a amizade, sem limites.
A mim deu-me os exemplos. As regras. Os castigos.
Deu-me a pessoa que sou hoje.
Obrigada Pai. 
Sem saber foi o meu melhor amigo. E acredito que ainda o compreendi a tempo.

Nunca esquecerei o que me disse em Abril de 1995, "o cordão umbilical está a partir-se".
Afinal, nem a morte o quebrou.

P.S: (Agora sei que era a menina dos teus olhos.)

Até já!


segunda-feira, 17 de março de 2014

E se...

Se eu não me chamasse Gaby, chamava-me Patrícia.
Se eu não fosse Educadora, era Juíza.
Se eu não fosse gorda, era magra.
Se eu deixasse de comer doçarias, era menos feliz.
Se eu não fosse feliz, não valia a pena viver.

E se...
E se nada!
Se me preocupasse menos, não me zangava tanto.
Se deixasse passar em branco o que me atormenta, a vida deixava de ter sabor.
Se não escrevesse aqui que há pessoas com o coração feio, não estava a ser realista.
Há pais que não gostam dos filhos.
Há mentirosos que acreditam em si próprios e em mais ninguém.
E há espertos que pensam que os outros são burros e que acreditam nas suas "tretas".

Enfim... isto de se ser sensível, tem muito que se lhe diga e ser inteligente às vezes também não serve de grande ajuda.

Mas pronto, fica aqui a minha indignação para quem utiliza a palavra crise para desculpabilizar todos os seus atos, incluíndo deixar de pagar a pensão de alimentos da filha ou perder o seu património.

Mas prometo, que vou continuar a chamar-me Gaby.
Vou continuar a comer "chicolates".
Vou tentar ser magra.
Loura.
Alta.
E um pouco menos inteligente.
Talvez assim não sofra tanto!

Até já!


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

1, 2, 3 e 14!

Querida Matilde,

Celebrar o teu aniversário não deixa nunca de me comover.
Sou obrigada a lembrar tudo o que já passaste.
Tudo o que me foi dado a assistir, a participar.
As lágrimas fogem dos meus olhos. 

Questiono sempre se poderia ter feito mais.
Mas a resposta é não. 
Talvez pudesse ter feito melhor, mas mais sei que não.
Deito-me a pensar em como te posso ajudar amanhã.
E depois e depois.
Um dia de cada vez.
Tem sido assim.
Desde o princípio.
E já passaram 14 anos.

Já não preciso de calendário para medir a passagem do tempo.
A velocidade a que os meus cabelos brancos teimam em crescer, escapando à tinta que uso para os esconder, é medida suficiente para me dizer que os dias, as semanas, os meses, os anos, a tua 1ª década, passaram "num piscar de olhos"!

Assisto às tuas primeiras amizades.
Às horas passadas em frente ao espelho.
Onde cantas e danças.
Divertes-te.
Ris-te.
E eu rio-me contigo.

Tento moldar-te e tornar-te sociável, para seres aceite.
Para passares despercebida.
Para seres feliz.
Sim.
Tem sido a minha maior luta.
Ajudar-te a SER FELIZ!!!
Porque sei que se fores feliz, tudo o resto será mais fácil de viver.

Parabéns Matilde!
És a minha Princesa.
E se é amor tudo isto que temos vivido, então estou eternamente apaixonada por TI!

Vive e sê feliz! 

Até já!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014

2012 foi o ano em que descobri o significado da palavra COMPAIXÃO.
E quando digo compaixão não é o ter pena do outro, do mais fraco. Nada disso.
Ter compaixão é conseguir ver mais longe, para lá da circunstância atual e ser capaz de investir na vida de alguém que naquele momento preciso necessita de colo.
 
2013 fez-me compreender o que é SERVIR.
Servir quem amo.
Servir quem não conheço.
Servir quem me é anónimo.
 
Servir é dedicar.
Servir é investir tempo.
Servir é ouvir.
Servir é apoiar.
Servir é abraçar.
Servir é estar disponível.
Servir é ...
 
2014 será o ano de todas as mudanças?!
Acredito que sim.
E ainda que daqui a 365 dias pouco tenha mudado na minha realidade, que eu possa ter mudado para melhor e que de alguma forma possa ter feito mais feliz quem me rodeia.
Isso bastará para dizer que valeu a pena.
 
Até já!