Hoje devíamos celebrar as duas.
Celebrar a vida. A tua e a minha.
Eras a primeira pessoa a telefonar-me, feliz por veres ser acrescentado mais um ano à minha vida. E eu dava-te os parabéns porque sem ti, eu não era eu.
Este ano é tudo diferente.
Tu não estás. nem longe nem perto.
Partiste. E pela 1ªvez não oiço a tua voz, não recebo o teu postal, não almoçamos, não bebemos a nossa sangria, não me fazes um bolo ou o teu famoso arroz doce. Nada.
Como é que a vida continua depois de tu deixares de estar?
Continua. Um dia de cada vez. Sabendo que não podias sofrer mais, que o teu corpo cedeu e que respiraste pela última vez com a paz que pediste para a tua partida.
Este ano não faço festa. Não quero, não me apetece.
Para o ano talvez.
Talvez consiga perceber melhor como celebrar sem ti. Sem a tua vaidade na minha pessoa, sem o teu amor incondicional, sem o teu apoio. Sem a tua voz radiante só por estarmos a conversar ao telefone ou o teu sorriso iluminado sempre que me vias.
Viver sem o teu amor sempre presente.
Não posso celebrar quando a dor da tua ausência é mais forte.
Apesar de tudo isto, consigo estar grata por mais um ano, pelo dia de sol incrível que temos hoje e porque foste a melhor Mãe que eu podia ter tido, escolhido, criado, inventado ou imaginado. Obrigada.
Cheguei até aqui. Espero continuar a ser o teu orgulho e que vejas refletida em mim a tua mansidão, a tua coragem escondida e a tua presença simples mas inigualável.
Parabéns Mãe. E que para o ano seja mais fácil celebrar.
Amo-te.
P.S.: Até já.